sábado, 22 de outubro de 2011

O Maior Mandamento


A comunidade de Mateus apresenta Jesus ensinando o maior mandamento em um contexto no qual os fariseus novamente o procuram, a fim de pô-lo à prova (Mateus 22,35). Assim já haviam feito ao armarem, junto com os herodianos, uma cilada em torno do pagamento dos impostos ao império romano, para apanhá-lo por alguma palavra (Mateus 22,15).
Desta vez, os fariseus partem para cima de Jesus com uma nova armadilha: Mestre, qual é o maior mandamento da Lei? (Mateus 22,36). Então, Jesus faz a memória da centralidade do amor em toda Lei. Dessa forma, ao colocar no centro o amor a Deus e ao próximo, Jesus torna relativas todas as leis e as tradições. Elas somente estão conforme a vontade de Deus, caso tiverem como motivação primeira o amor. Assim, Jesus acusa os fariseus de traírem o projeto de Deus ao colocarem a letra acima do espírito da Lei. Incomodados pela acusação de Jesus, eles ficaram sem resposta e silenciaram. Porém, novamente se reuniram. Seria para preparar outra cilada? (Mateus 22,41). No entanto, agora é Jesus quem passa a desmascará-los, fazendo perguntas (Mateus 22,42) e acusações fortes contra os fariseus, incluindo também os doutores da Lei, os escribas (Mateus 23,1-36). Desse modo, ninguém podia responder-lhe nada. E a partir daquele dia, ninguém se atreveu a interrogá-lo (Mateus 22,46).
Em que parte das Escrituras Jesus busca o espírito da Lei, o princípio do amor? Para o primeiro mandamento, ele recorre a um dos livros da Lei judaica, o Deuteronômio (6,4-5): Amarás ao Senhor, teu Deus... É um amor intenso, isto é, com todo o nosso ser: coração, alma, força vital e mente.
O segundo, ele o encontra em outro escrito do Pentateuco, o livro do Levítico (19,18): Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
O amor é o centro da vida nutrida em Deus, pois Deus é amor (1ª carta de João 4,8.16). Se andamos no caminho de Deus, vivemos o amor que gera vida, pois toda a Lei se resume neste único mandamento: ‘amarás o teu próximo como a ti mesmo' (Gálatas 5,14; Romanos 13,9). Portanto, o amor é o cumprimento perfeito da Lei (Romanos 13,10). Ao dizer que toda Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos (Mateus 22,40), Jesus torna todas as Escrituras relativas em relação ao amor. Somente este é absoluto.
O caminho do amor é um novo jeito de caminhar, é uma nova prática. Sua vivência não é algo abstrato, teórico, mas é um amor bem concreto. Antes de procurar um próximo para amar, importa tornar-se próximo através da solidariedade. É isso que a comunidade de Lucas nos quer lembrar ao acrescentar ao mandamento do amor a parábola do samaritano misericordioso (Lucas 10,29-37). Ou como recorda a comunidade de Mateus, ao insistir na prática da misericórdia: Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a criação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era sem teto e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me (Mateus 25,34-36).
A comunidade de João, diferentemente de Mateus, Marcos e Lucas, não separa em dois o mandamento de Jesus. Vai mais fundo e identifica o amor a Deus com o amor ao próximo: Amai-vos uns aos outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros (João 13,34; 15,12.17). Se alguém disser: ‘amo a Deus', mas odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê (1ª carta de João 4,20).

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Tentar algo Novo


Existe somente uma idade para a gente ser feliz, somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-las a despeito de todas as dificuldades e obstáculos.
Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida, a nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores.
Tempo de entusiasmo e coragem em que todo o desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo NOVO, de NOVO e de NOVO, e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE
e tem a duração do instante que passa.

Há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Maria, Mãe de Jesus e nossa


A liturgia de hoje nos convida a contemplar a mãe de Jesus como uma mulher maravilhosa que não acompanha os projetos deste mundo, mas luta para que se realize o que Deus sonhou para a humanidade. Maria é a mulher e a mãe da sensibilidade, pois percebe as necessidades mais urgentes e intercede por nós junto a seu Filho Jesus. Ela nos ensina que tudo deve ser feito conforme a vontade de Jesus: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. E assim se fez, pois Jesus se compadece e
atende aos nossos pedidos. Seis talhas de água foram apresentadas. Seis talhas de vinho foram servidas. Portanto, a graça de Deus age segundo a nossa abertura, pois a medida de nossa confiança é a medida da ação de Deus. A verdadeira devoção a Nossa Senhora Aparecida não se reduz ao recurso à sua intercessão para obter de Deus qualquer recurso material. É certo que se pode invocar Maria para alcançar isso, mas é necessário ir além. O cristão aprende, sobretudo, a orar com Maria e
como Maria. É essa a mensagem que extraímos da primeira leitura. Maria não teve uma vida fácil e cômoda. Viu desencadear-se contra seu Filho e contra a comunidade cristã as forças do mal, mas jamais duvidou de que Deus se põe do lado dos justos e que seu Espírito vai conseguir vencer. Maria tornou-se para nós um modelo de fé na providência do Senhor. É a mensagem da segunda leitura. A tentação de permanecer agarrados às tradições, mesmo quando estão superadas e se mostram contra o Evangelho, é sempre atual. A narrativa das bodas de Caná mostra como a mãe de Jesus foi a primeira a entender que, sem o “vinho novo” trazido pela Palavra de Jesus, a prática religiosa produz só tristeza e desconforto. Ser devotos de Nossa Senhora Aparecida significa manter o coração aberto aos sinais dos tempos.

sábado, 8 de outubro de 2011

O traje da Festa


Nos últimos domingos, refletimos sobre a realidade da IGREJA: como uma "Vinha" e nós éramos convidados a trabalhar nessa vinha.
Hoje: As leituras nos falam de um BANQUETE solene
ao qual somos todos convidados a participar...

Na 1ª leitura, temos uma visão profética de Isaías, em que nos fala
de um banquete preparado por Deus para todos os povos. (Is 25, 6-10a)

Para o Povo da Bíblia, o banquete sempre foi sinal de amizade, partilha, momento em que se trocam presentes. Mas esse banquete seria especial, pois será promovido pelo próprio Deus. Como presentes, Deus irá acabar com as lágrimas, o luto e a tristeza e sobretudo oferecerá a vitória sobre a morte.
* Esse Banquete expressa a esperança humana num futuro de alegria
e de Salvação para todos.

A 2ª Leitura mostra que a força de Cristo ressuscitado sustenta Paulo
em meio às dificuldades:"Tudo posso naquele que me dá força". (Fl 4.12-14.19-20)

No Evangelho, Jesus retoma essa imagem do Banquete. (Mt 22, 1-14)

O Reino de Deus é comparado ao Banquete para uma festa de casamento.
- O Rei é Deus que organiza a festa de núpcias de seu Filho (Jesus).
- A Esposa é a humanidade inteira... a própria Igreja....
- O Banquete representa a felicidade dos tempos messiânicos.
Quem acolhe o convite experimenta profunda alegria...
- Os Servos representam os profetas... Os Apóstolos... e todos nós...
- Os Convidados ao longo do caminho... são os homens do mundo inteiro...
os pecadores e os desclassificados o acolheram de braços abertos.
- Os Primeiros convidados não entram na festa: representam os líderes de Israel, preferem seus interesses, estão satisfeitos com sua estrutura religiosa...
- O Convidado sem o traje nupcial foi retirado da sala.
Aceitou o convite, mas não vestiu o traje apropriado...

+ Alguns convidados recusam... Se a festa é tão boa, por que alguns recusam?
A parábola fala de dois tipos de recusa:
- Indiferentes, que preferem cuidar de seus negócios particulares e
não são motivados para a busca da alegria coletiva...
- Violentos: Os que eliminam os que se empenham na construção do Reino.
Os que não querem mesmo que a festa aconteça...

+ Todos são convidados:
Deus não desiste. Continua chamando:
"Ide pelas encruzilhadas... e convidai todos os que encontrardes..."
E esses aceitam o convite e participam do banquete.
E a sala do festim ficou cheia de convivas... "bons e maus..."

+ Não basta ser convidado e entrar na sala do banquete:
Um até foi expulso... não tanto porque não tinha a roupa do banquete,
mas porque não tinha a disposição correta para participar da festa.

+ E conclui: "Muitos são os chamados... poucos os escolhidos..."
Não quer dizer que poucos se salvam... mas sim que o número
é inferior ao dos chamados... por não corresponder ao chamado divino.

+ E Deus continua convidando...
"Ide pelas encruzilhadas, pelas periferias das cidades e
convidai a todos os que encontrardes..."

+ Cristo nos convida também para o Banquete da Eucaristia...
"Felizes os convidados para o banquete de núpcias do Cordeiro!" (Ap 9, 19)
- Aceitamos, com alegria, esse convite ou
encontramos inúmeras desculpas para não comparecer?
- Nesse Banquete, "participamos" revestidos de uma roupagem de fé
em plena COMUNHÃO com Deus e com os irmãos,
procurando viver intensamente a presença de Cristo no meio de nós?
- Ou apenas "assistimos" a missa por motivos humanos?
- A nossa participação no banquete nos torna merecedores
de sermos "convidados" e também "escolhidos"?

+ A Igreja continua convidando...
A grande função da Igreja é chamar para essa festa
A mesa do banquete está preparada e os convidados somos todos nós,
mas quantos continuam não tendo tempo...
Não basta pertencer materialmente a Cristo e à Igreja,
mas, no fundo do coração, não ser de Cristo, nem para Cristo...
Ser convidado ao banquete não é somente vir à igreja,
acompanhar procissões e receber os sacramentos.
Isto é importante, mas deve nos levar a melhorar o mundo,
trabalhando pela libertação evangélica dos irmãos
em todos os lugares onde a vida está sendo ameaçada.

+ Qual a nossa resposta?
Estou no primeiro, ou no segundo grupo?

- dos primeiros que encontram motivos, desculpas, talvez até importantes,
mas que impedem de participar do Banquete divino?
Dos que estão tão imersos nos afazeres terrenos,
que julgam tempo perdido pensar em Deus e na vida eterna...

- ou do segundo grupo, dos humildes, encontrados nas encruzilhadas...
mas que acolhem com alegria o convite do Senhor e
provam a alegria profunda da festa preparada pelo Senhor?

A mesa do banquete está preparada. e o convidado é também você...
A decisão é sua... São muitos os convidados, quase ninguém tem tempo...

sábado, 1 de outubro de 2011

A Vinha do Senhor


Estamos no mês de Outubro, dedicado ao ROSÁRIO e às MISSÕES, com o Tema: "MISSÃO na Ecologia".

A Liturgia continua o tema da VINHA, que representa Israel, o povo eleito,
precursor da Igreja, o novo Povo de Deus.

Na 1ª Leitura, Isaías, com o "Cântico da Vinha", narra a História do amor de Deus e a infidelidade do seu Povo. (Is 5,1-7)

É um lindo poema composto pelo profeta, talvez a partir de uma canção de vindima.
Através do profeta (o trovador), Deus (o Amigo) julga seu povo (a vinha), descrevendo o amor de Deus e a resposta do Povo.

- Um agricultor escolheu o terreno mais adequado, escolheu cepas da melhor qualidade, tomou todos os cuidados necessários.
- O sonho dele era a colheita dos FRUTOS do seu trabalho...
- Mas a decepção foi grande: só deu uvas azedas...
"Que mais poderia eu ter feito por minha vinha e não fiz?"
- Reação: Seu amor se transforma em ódio: derruba o muro de proteção,
permite que os transeuntes a pisem livremente e que o inço tome conta...

* Os Frutos, que o Senhor esperava, eram "o direito e a justiça",
respeito pelos Mandamentos e fidelidade à Aliança.
Ao invés, viu "sangue derramado" e "gritos de horror":
infidelidade, injustiça, corrupção, violência...
Muitas manifestações religiosas solenes, sem uma verdadeira adesão a Deus.
Daí o castigo de Deus: a invasão dos assírios e depois dos babilônios,
que destruíram a vinha e deportaram os israelitas como escravos.
* Hoje há ainda "sangue derramado" e Gritos de horror"?

Na 2ª Leitura, Paulo apresenta virtudes concretas, que os cristãos devem cultivar na própria Vinha.
São esses os frutos que Deus espera da sua "Vinha". (Fl 4,6-9)

No Evangelho, Jesus retoma e desenvolve o poema da VINHA. (Mt 21,33-43)

- Um Senhor planta uma vinha com todo o cuidado e tecnologia necessária e
a confia a uns vinhateiros, conhecedores da profissão.
- Chega o tempo da vindima, manda buscar a colheita e vem a surpresa.
Não entregam os frutos e maltratam os enviados...
Não respeitam nem o próprio filho do dono. Chegam a matá-lo.
- A "Vinha" não será destruída, mas os trabalhadores serão substituídos...

* A parábola é uma releitura da História da Salvação:
ilustra a recusa de ISRAEL ao projeto de salvação de Deus.
- A Vinha é o Povo de Deus (Israel).
- O Dono é Deus, que manifestou muito amor pela sua vinha.
- Os vinhateiros são os líderes do povo judeu...
- Os enviados são os profetas... o próprio Cristo "morto fora da vinha".

- Resultado: A "vinha" será retirada e confiada a outros trabalhadores,
que ofereçam ao "Senhor" os frutos devidos e acolham o "Filho" enviado.
- Reação do Povo: tentam prender Jesus, pois percebem que a Parábola se refere a eles...

+ Quem são esses "outros", aos quais é entregue a Vinha?
Somos todos nós, membros do novo Povo de Deus, a Igreja,
que tem a missão de produzir seus frutos,
para não frustrar as esperanças do Senhor na hora da colheita.
- Que tipo de frutos está faltando?

Os homens do tempo de Isaías e também de Jesus eram muito piedosos,
zelosos nas práticas religiosas, no respeito do sábado...
Mas não foi da falta disso que Deus se queixou...

- Isaías resume a queixa de Deus nas palavras do dono da vinha:
"Esperei deles justiça, e houve sangue derramado;
esperei retidão de conduta e o que ouço são os gritos de socorro
de gente que foi explorada e maltratada..."

* Será que isso acontecia só no passado?

Ainda hoje devemos testemunhar diante do mundo,
em gestos de amor, de acolhimento, de compreensão, de misericórdia,
de partilha, de serviço, a realidade do Reino, que Jesus veio propor.
Não podemos reduzir tudo a apenas umas práticas religiosas?

+ Os guardas da vinha quiseram até se transformar em "Donos"...

* Esse perigo não pode estar presente ainda hoje em nossas comunidades?
Não somos "donos", mas apenas administradores...

+ Deus nunca desiste de sua obra de amor e salvação!
Uma Verdade consoladora, mas também um Alerta:
Diante do fracasso com alguns... Deus não desiste...
Mas Ele recomeça com outros...
- Será que Deus está satisfeito dos frutos que estamos produzindo?

+ Missão na ecologia!...
Nesse Mês missionário, somos convidados a renovar com Deus a Aliança.
- Que frutos estamos produzindo para a realização do Reino de Deus?
Se hoje não somos missionários, não é esse um sinal
de que estamos sendo maus vinhateiros.
Não significa um desprezo para com a Vinha do Senhor?

Nesse caso: "O Reino também nos será tirado e
entregue a outros que produzam frutos".