terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O amor à verdade


Existem no mundo muitos amores: o amor ao dinheiro, ao poder, à glória... Há, porém, um tipo de amor que está em baixa: o amor à verdade.

Aliás, "que é a verdade?", já perguntava Pilatos (Jo 18,38). Existe a verdade? A sociedade contemporânea tende a relativizá-la, principalmente quando se trata de explicar o mistério do homem. As ciências naturais, em seu progresso constante, são cautelosas ao propor suas teses: o que hoje parece ser a verdade em Física, em Astronomia, em Biologia... amanhã poderá ser tido como erro. A Filosofia moderna é crítica e, por vezes, cética no tocante à possibilidade de atingir a verdade. Todavia é precisamente neste mundo que o cristão há de ter a coragem de afirmar que ele conhece a Verdade, não por ser mais inteligente do que os seus semelhantes, mas porque Deus lhe revelou o verdadeiro sentido do homem e da vida.

Todo ser humano tende naturalmente para a verdade, como tende para a luz; ele foi feito para a verdade, e não para as trevas. Por isso todo ser humano pode chegar a saber por que vive e para que vive..., por que trabalha, luta e sofre... o que haverá depois da morte. A consciência de tal verdade é fonte de paz e segurança ao viandante das estradas da vida. Ninguém se sente bem, se não sabe por onde e para onde caminha.

E que prova tem o cristão de que ele conhece a verdade? – Sem dúvida, viver a verdade é um risco: é aderir ao Infinito, subordinando-lhe tudo o que é finito... Contudo esse risco se comprova como suma sabedoria, se é vivenciado corajosamente. Nada é tão reconfortante quanto a coerência da conduta de quem abraça a verdade e se entrega totalmente a ele; a nobreza e magnanimidade de atitudes são fonte de enorme felicidade.

Os tempos atuais sugerem tais reflexões ao cristão. São tempos de intensa procura de verdade e de luz; as múltiplas correntes filosóficas e religiosas que interpelam a nossa sociedade dão testemunho de quão vivaz é a busca de verdade: profecias, visões, sinais do além... pretendem ser a resposta ao homem peregrino e sequioso. Cedo ou tarde, porém, frustram aqueles que lhes dão crédito.

Que falta então ao mundo de hoje? – Pode-se dizer que lhe falta o testemunho mais lúcido da verdade revelada por Deus e confiada aos discípulos de Cristo. "Vós sois o sal da terra", diz o Senhor. "Mas, se o sal perder o seu sabor, com que o salgaremos?" (Mt 5,13). Os tempos confusos, cheios de linhas cruzadas e contradições fantasiosas em que vivemos, parecem estar interpelando o sal da terra e pedindo-lhe que não deixe dissolver-se o seu sabor. É a graça de Deus que salva o mundo... graça desse Deus que quer agir entre os homens mediante os homens numa continuada encarnação. Daí a pergunta: que fazes, cristão, do teu Batismo? Que fazes da tua Eucaristia? Que fazes da Palavra da Verdade que te foi entregue graciosamente para que amasses e irradiasses? Ama a Verdade e realiza o teu martyrion (testemunho) até as últimas consequências, ainda que isto te custe a própria vida. Dar a vida pela verdade é precioso e indispensável serviço aos irmãos, é fonte de profunda alegria.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Confiar exclusivamente em Deus


O primeiro passo de fé não é crer intelectualmente, mas confiar em Deus: naquilo que Ele é. Acreditar nas verdades que a Igreja ensina é uma consequência da fé.

Ao ler os Atos dos Apóstolos, vemos que São Paulo ia de cidade em cidade pregando o Evangelho. Em todos os lugares, deparava-se com incompreensão, fofocas, perseguição e era sempre levado aos tribunais. Muitas vezes foi condenado; apanhou e foi apedrejado.

Quantas vezes o apóstolo Paulo saiu das sinagogas apanhando... Mas em quem ele confiava? Em Deus! E porque confiava em Deus, apesar de toda perseguição, ia em frente.

Como o apóstolo dos gentios, temos de confiar exclusivamente em Deus, fundamentados numa fé que nos garante que nossa segurança está n'Ele. Todos, neste mundo, falham: marido, esposa, pai, mãe, filho, sacerdote, bispo... As pessoas nas quais mais confiamos e que mais amamos são humanas e, por isso, falham. Não é que vamos deixar de acreditar nelas. O problema é que, se depositamos nossa confiança apenas em pessoas e, pior, se achamos que elas não erram e não decepcionam, vamos viver de frustração em frustração.

Precisamos reavivar nossa fé. Não é simplesmente acreditar em algumas verdades: é confiar em Deus. Confiar naquilo que Ele é.