quinta-feira, 5 de maio de 2011

Cristo Peregrino


A liturgia deste domingo nos convida a descobrir
o Cristo vivo, que acompanha os homens
pelos caminhos do mundo, muitas vezes sem ser reconhecido.
Mas onde o podemos encontrar?

Na 1ª Leitura, a COMUNIDADE CRISTÃ transformada pelo Espírito,
deixou a segurança das paredes do Cenáculo
e prepara-se para dar testemunho de Jesus,
em Jerusalém e até aos confins da terra. (At 2,14.22-33)
* A pregação de Pedro, no dia do Pentecostes, reproduz
a catequese da Comunidade cristã primitiva sobre Jesus. (Kerigma)

A 2ª Leitura exorta os crentes a manterem a fidelidade à sua fé,
apesar da hostilidade atual e dos sofrimentos futuros. (1Pd 1,17-21)

No Evangelho, o Peregrino aponta aos DISCÍPULOS DE EMAÚS
o caminho para reconhecer o Cristo Ressuscitado. (Lc 24,13-35)
Os DISCÍPULOS estão tristes, desanimados, decepcionados, frustrados...
abandonam a Comunidade e voltam para casa, dispostos a esquecer o sonho.
Aguardavam um Messias glorioso, um Rei poderoso, um Vencedor e
encontram-se diante de um derrotado, que tinha morrido na cruz.
- Aparece um PEREGRINO, que caminha com eles...
e começam a falar do assunto do momento:
JESUS, Profeta poderoso em obras e palavras,
diante de Deus e dos homens, mas que teve um fim inesperado...
- O Peregrino interpreta as ESCRITURAS, que falam do Messias...
Eles escutam com interesse... e seus corações começam a "arder".
- No final da tarde, os discípulos chegam em casa
e fazem um CONVITE: "Fica conosco".
Querem prolongar a agradável companhia.
Após ter acolhido a PALAVRA do Peregrino,
lhe oferecem HOSPEDAGEM em sua casa... e Ele aceita...
não apenas para "passar a noite", mas para "ficar com eles".
- À mesa: UM GESTO CONHECIDO:
o mesmo gesto da última ceia, quando Jesus instituiu a Eucaristia.
Os olhos se abrem e reconhecem o Ressuscitado...
A Palavra faz "arder" o coração, a fração do Pão faz "abrir os olhos".
E Cristo desaparece... porque agora a Comunidade
já possui os sinais concretos de sua presença:
a sua Palavra e o Pão partilhado... Agora é só Testemunhar.
- E PARTEM LOGO para anunciar a descoberta aos irmãos
e, junto com eles, proclamam a fé: "O Senhor ressuscitou."
A Proclamação da alegria pascal não pode esperar o dia amanhecer...
A escuta atenta da Palavra e o repartir do pão abre os olhos e
impulsiona para a MISSÃO.
+ Onde encontrar o Ressuscitado?
O episódio de Emaús nos aponta o caminho:
- Na PALAVRA DE DEUS, escutada, meditada, partilhada, acolhida,
Jesus nos indica caminhos, nos aponta novas perspectivas,
nos dá a coragem de continuar, depois de nossos fracassos.
Acolhem a Palavra do Peregrino e lhe oferecem hospedagem em sua casa.

- NA PARTILHA DO PÃO EUCARÍSTICO.
A narração apresenta o esquema da Missa: Liturgia da Palavra e do Pão.
É na celebração comunitária da Eucaristia, que nós fazemos
a experiência do encontro pessoal com Jesus vivo e ressuscitado.

- Na COMUNIDADE:
A Comunidade sempre foi e continua sendo o lugar privilegiado do encontro...
(Experiência dos discípulos... e de Tomé...)

+ O Caminho de Emaús
Muitas vezes, também nós andamos pelos caminhos da vida,
"tristes"... cansados e desiludidos...
Caíram os nossos castelos e a vida parece ter perdido sentido.
Esperávamos tanto... mas tudo terminou...
(quem sabe lá... a morte de um parente amigo,
um fracasso em nossos empreendimentos... a família desunida...)
É triste quando a esperança morre... Parece nada mais ter sentido.
Somos tentados a abandonar a luta e voltar...

Eles estavam angustiados por aquilo que aconteceu em Jerusalém.
Mas, na medida em que participaram
da celebração da Palavra e do banquete da Fração do pão,
o interior deles se abriu à luz, a vida do Ressuscitado
invadiu seus corações e os fez voltar à Comunidade.
Nesses momentos, mais do que nunca, como os dois discípulos,
necessitamos do Peregrino de Emaús: "Fica conosco, Senhor".
Que possamos reconhecê-lo nos pequenos gestos de cada dia.
Hoje queremos recordar os gestos de doação de nossas MÃES.
Que a bondade divina abençoe e recompense todas as nossas Mães...

Um comentário:

  1. A caminhada de Emaús é marcada por passos lentos, pelo silêncio, pela tristeza e pela ausência de ideais. Cléofas e seu companheiro, por alguns momentos, se deixam sucumbir pelo cansaço e, por isso, deixam cair no esquecimento a advertência que São Paulo nos dá: “Não descuides do dom da graça que há em ti!”
    Esta é uma das primeiras lições que temos que aprender, trilhando o caminho de Emaús: Cristo ressuscitado caminha conosco e não nos deixa sozinhos. Com o coração pulsando de santidade, examinemos nossas vidas, amparados pela Boa Nova de Cristo, e sintamos em nosso íntimo que o bem que há em nós é o somatório de inúmeras graças que Deus nos outorgou, pois “de Sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça”.
    Uma segunda lição que devemos aprender com os dois discípulos de Emaús é que, sem a presença de Deus em nossas vidas, somos apenas caminhantes sem destino, uns peregrinos conturbados. Na caminhada da fé, em alguns momentos, muitos de nós atravessamos dias escuros, noites de insônia e de amargura. Nestes momentos, é de suma importância que saibamos dar profusão ao ardor do nosso coração, que nos fará vislumbrar que “a graça por Jesus Cristo nosso Senhor é concedida com tal liberalidade, a quem aprouver a Deus concedê-la. A graça é a essência do amor e, ao mesmo tempo, é o centro para o qual deve convergir toda a existência humana, para que seja revestida de justiça e de santidade.
    Uma terceira lição que aprendemos é que, por meio das Sagradas Escrituras, Deus nos orienta e ensina. Ler as Escrituras é se predispor a ouvir a Deus, pois “a Escritura não é uma coisa do passado. O Senhor não fala no passado, mas fala no presente, fala hoje conosco, dá-nos luz, mostra-nos o caminho da vida, dá-nos comunhão e assim nos prepara e nos abre à paz”. (Papa Bento XVI,)Por intermédio das Escrituras, podemos perceber que a comunhão é verdadeiramente uma Boa Nova que extravasa nosso ser e nos leva a suplicar: “Permanece conosco, Senhor!” (Lc 24, 29). Cristo vivo e ressuscitado caminha conosco e O encontramos pessoalmente na Eucaristia. A fração do Pão deve ser, essencialmente, o gesto prioritário da nossa identificação com o nosso Redentor. Diante da Mesa Eucarística, podemos professar: “Jesus está no Santíssimo Sacramento como meu Salvador. Chega-se a mim para comunicar-me as Graças da Redenção, aplicar-me os Seus Méritos, fazer correr o Seu Sangue divino sobre o meu corpo e minha alma”.Neste caminho de Emaús, é necessário ainda que aprendamos que a Ressurreição de Jesus Cristo é um forte apelo à realização de um sólido apostolado. É a plena certeza de que somos amados por Deus, que nos impulsiona a novas messes. Inspirados nos discípulos de Emaús, temos que permitir que o Espírito Santo nos conduza a um novo Pentecostes que nos leve a testemunhar com coragem, afinco e firmeza: “É verdade, o Senhor ressuscitou!” (Lc 24,34). A contínua união com nosso Redentor nos fará discernir que um fecundo apostolado é conseqüência da comunhão com Jesus Cristo!
    Deixemo-nos contagiar pela atmosfera de santidade que emana do caminho de Emaús. Aprendamos com Cléofas e o seu companheiro a abrir nossos corações para ouvir o que Cristo tem a nos dizer. Ouçamos Suas admoestações e sintamos, no fundo do fundo da nossa alma, a certeza de que hoje e sempre precisamos de recolhimento para escutar a voz de Deus. Em íntima união com o Cristo vivo e ressuscitado, caminhemos com júbilo e alegria, anunciando ao nosso próximo: “Por maiores que sejam os teus sofrimentos, tua vitória sobre eles está no silêncio”. Em silêncio, deixemos que a luz do Cristo ressuscitado transborde em nosso ser!

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