sábado, 6 de agosto de 2011

Onde está Deus?


Muitas vezes nos perguntamos: "Onde está Deus?"
"Onde o podemos encontrar?"

As Leituras de hoje têm duas cenas muito bonitas, que mostram como Deus SE REVELA.

Na 1a Leitura, Deus se revela a Elias, na BRISA suave. (1Rs 19,9a.11-13)

Cansado e perseguido de morte por Jesabel, Elias foge para o deserto,
a caminho do Monte Horeb, onde Moisés se encontrara com Deus...
- Lá, Elias o esperava no vento, no terremoto, no fogo, mas ele não estava lá. Deus vai ao seu encontro de uma forma completamente diferente:
"no sopro suave de uma BRISA..." e ali lhe fala...

* Deus geralmente se manifesta na humildade, na simplicidade, na interioridade. Por isso, é preciso calar o ruído excessivo, moderar a atividade desenfreada, encontrar tempo para consultar o coração, para interrogar a Palavra de Deus, para perceber a sua presença e as suas indicações, nos sinais, quase sempre discretos, que ele deixa na história e em nossa vida.

Na 2ª Leitura, Paulo fala que Deus se revelou, oferecendo a todos
uma proposta de Salvação, mas o seu povo infelizmente a rejeitou. (Rm 9,1-5)

No Evangelho, Deus se revela na TEMPESTADE. (Mt 14,22-33)

- Jesus envia os discípulos em missão na outra margem do lago e, cansado, retira-se da multidão... vai ao monte para rezar...
- Enquanto isso, os apóstolos navegam "de noite" preocupados, na barca agitada pelos ventos contrários. Jesus interrompe o descanso... vai ao encontro, "caminhando sobre o MAR".
- Eles o confundem: "É um fantasma..."
- E Jesus se identifica: "Coragem, SOU EU, não tenham MEDO".
- Pedro o desafia: "Se és Tu, manda-me caminhar sobre as águas".
- Jesus aceita: "Vem!"
- Pedro vai ao encontro de Jesus; mas, assustado pelo vento, começa a duvidar e afundar. Então grita por socorro: "Salva-me, Senhor!".
- Jesus antes estende a mão e depois o questiona: "Por que duvidaste, homem de pouca fé?"
- Jesus entra na Barca e a tempestade se acalma.
- Então todos se prostram em adoração diante de Jesus, dizendo:
"Verdadeiramente Tu és o Filho de Deus".
* Deus se manifesta em meio às dificuldades, aos ventos da tempestade.

Enquanto Jesus está em diálogo com o Pai, os discípulos estão sozinhos,
em viagem pelo lago. Essa viagem, no entanto, não é fácil e serena… É de noite; o barco é açoitado pelas ondas e navega dificilmente, com vento contrário.
Os discípulos estão inquietos e preocupados, pois Jesus não está com eles…
Esse BARCO é a COMUNIDADE CRISTÃ:
A "noite" representa as trevas, a escuridão, a confusão, a insegurança
em que tantas vezes "navegam" através da história os discípulos de Jesus,
sem saberem exatamente que caminhos percorrer nem para onde ir…
As "ondas" representam a hostilidade do mundo, que bate continuamente contra o barco em que viajam os discípulos…
Os "ventos contrários" representam as resistências ao projeto de Jesus.
Os discípulos de Jesus se sentem perdidos, sozinhos, abandonados, desanimados, desiludidos, incapazes de enfrentar as tempestades que as forças da morte e da opressão (o "mar") lançam contra eles…
É precisamente aí, que Jesus manifesta a sua presença.
Ele vai ao encontro dos discípulos "caminhando sobre o mar".

O episódio reflete a fragilidade da fé dos discípulos, quando tiveram
de enfrentar as forças adversas, sem a presença de Jesus na barca.
Os discípulos seguem a Jesus de forma decidida, mas se deixam abalar
quando chegam as perseguições, os sofrimentos, as dificuldades…
Então, começam a afundar e a ser submergidos pelo "mar" da morte,
da frustração, do desânimo, da desilusão…
No entanto, Jesus lá está para lhes estender a mão e para os sustentar.
Finalmente, a desconfiança dos discípulos transforma-se em fé firme:
"Tu és verdadeiramente o Filho de Deus".

Esse texto é uma CATEQUESE sobre a caminhada da Comunidade de Jesus, enviada à "outra margem", para convidar todos para o banquete do Reino
e a oferecer-lhes o alimento com que Deus mata a fome de vida e de felicidade dos seus filhos.
- A caminhada não é um caminho fácil. A comunidade (o "barco") dos discípulos deve abrir caminho através de um mar de dificuldades, pela hostilidade dos adversários do Reino
e pela recusa do mundo em acolher os projetos de Jesus.
- Os discípulos devem estar conscientes da presença de Jesus.
O "fantasma" do MEDO desvanece e as crises de fé são superadas,
quando aceitamos a presença de Deus em nossa vida pessoal e comunitária.
Ele continua a garantir: "Coragem! Sou Eu. Não tenhais medo".

+ Dia do Padre: O padre também não está isento de "tempestades",
que se formam dentro e fora da Comunidade. Nesse dia a ele consagrado, rezemos para que, nesses momentos
em que possa ter a sensação de afundar no mar da frustração e do desânimo,
possa perceber essa presença de Cristo, que vem ao seu encontro
com palavras de esperança. "Coragem! Sou eu. Não tenhas medo!"
Quando Cristo entra na BARCA, o vento e as ondas param...
e volta a tranqüilidade... a paz.

Um comentário:

  1. As tempestades da vida são inevitáveis. Assim como os fenômenos da natureza acontecem com freqüência, também as tempestades da vida nos atingem, mesmo quando nós não as esperamos. Elas acontecem ao arrepio da nossa vontade e muitas vezes, colocam a nossa vida de ponta-cabeça. As tempestades chegam para todos, a vida não é um parque de diversões, mas a travessia de um mar revolto. A vida cristã não é um cruzeiro num confortável navio, singrando águas plácidas, mas uma viagem cheia de aventuras, onde não faltam os ventos contrários e as ondas revoltas.
    As tempestades da vida são imprevisíveis - As tempestades chegam de súbito, inesperadamente. Elas não mandam aviso, não enviam telegrama, chegam repentinamente, agitando nossa vida, encrespando as ondas que nos assustam e nos assolam com desmesurado rigor. As tempestades nos colhem de surpresa: é uma doença súbita, é um acidente trágico, é um divórcio traumático, é um luto doloroso, são fofocas que nos desestruturam, relacionamentos errados, situações que nos prejudicam... e assim vai
    As tempestades da vida são inadministráveis, Muitas vezes, temos a sensação de que os problemas que nos afligem são como essa tempestade. A situação se agrava, perdemos o controle, o barco da nossa vida fica à deriva. As tempestades da vida são, também, inadministráveis.
    As tempestades da vida são pedagógicas - Mesmo quando a tempestade foge do nosso controle, ela está sob o controle de Jesus. Aquele que está conosco tem autoridade sobre o vento e sobre o mar. As tempestades da nossa vida não vêm para nos destruir, mas para nos ensinar. Elas não acontecem à revelia, elas são instrumentos pedagógicos para nos fortalecer na fé. Jesus tem todo poder para acalmar não apenas a tempestade que está do lado de fora; mas, também, os vendavais do medo que estão dentro de nós... Ele vem ao nosso encontro e nos chama para o seu encontro. Não quer nos ver naufragar, e mesmo quando percebe nos estende a mão. Jesus acalma não apenas as circunstâncias, mas, também, os nossos sentimentos. Nessa travessia do mar revolto da vida precisamos ter fé e não medo, sabendo que Jesus é fiel para cumprir suas promessas. Nosso destino é o outro lado do mar e não o naufrágio. Ele está conosco e podemos desfrutar da sua paz mesmo quando as ondas encapeladas berram aos nossos ouvidos. Ele é todo poderoso e aquilo que nos amedronta está literalmente debaixo dos seus pés.
    Muitas vezes nos sentimos no meio de uma tormenta, sendo jogados pelas ondas da vida para cima e para baixo e açoitados pelo vento da adversidade.
    Parece-nos, às vezes, que não conseguiremos sobreviver a determinados períodos de nossas vidas.
    Sem uma vida espiritual, a nossa vida é como um navio sacudido pelo mar enraivecido das circunstâncias incontroláveis da vida.
    Mas, confiando em Deus, experimentamos sua presença e amor como âncora da nossa vida.
    Nos sentimos encorajados e esperançosos.
    Essa esperança mantém segura e firme a nossa vida, assim como a âncora mantém seguro o barco.

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