quarta-feira, 27 de abril de 2011

Domingo da Divina Misericórdia


A Festa da Divina Misericórdia que ocorre no primeiro domingo depois da Páscoa, estabelecida oficialmente como festa universal pelo Papa João Paulo II.

“Por todo o mundo, o segundo Domingo da Páscoa irá receber o nome de Domingo da Divina Misericórdia, um convite perene para os cristãos do mundo enfrentarem, com confiança na divina benevolência, as dificuldades e desafios que a humanidade irá experimentar nos anos que virão” (Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Decreto de 23 de Maio de 2000).

Encontra suas origens em Santa Maria Faustina Kowalska, que na década de 30 obteve de Jesus, revelações acêrca da instituição dessa festa no seio da Igreja, bem como profecias e manifestações que o próprio Cristo mandou que as escrevesse e retransmitisse à humanidade. Foi Jesus quem pediu a instituição da festa da Divina Misericórdia a Santa Faustina. Jesus se refere a ela 14 vezes, expressando o imenso desejo do Seu Coração Misericordioso de distribuir, neste dia, as Suas graças.

“Nenhuma alma terá justificação, enquanto não se dirigir, com confiança, à Minha misericórdia. E é por isso que o primeiro domingo depois da Páscoa deve ser a Festa da Misericórdia” (Diário, 570).

“Neste dia, estão abertas as entranhas da Minha misericórdia. Derramo todo um mar de graças sobre as almas que se aproximam da fonte da Minha misericórdia; a alma que se confessar e comungar alcançará o perdão total das culpas e castigos; nesse dia estão abertas todas as comportas Divinas, pelas quais fluem as graças;

“Que nenhuma alma tenha medo de se aproximar de mim, ainda que seus pecados sejam como escarlate. A minha misericórdia é tão grande que por toda a eternidade não a aprofundará nenhuma mente, nem humana, nem angélica. Tudo que existe saiu das entranhas da minha misericórdia” (Diário, 699).

“Dize à humanidade que sofre que se aproxime do meu coração misericordioso, e eu a cumularei de paz (Diário 1074)

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Vígilia Pascal


A Liturgia dessa noite celebra o fato mais importante da História da Salvação, o Mistério mais profundo de nossa fé: a Ressurreição do Senhor. É a Liturgia mais solene e rica de todo o Ano Litúrgico. Vamos aprofundar os diversos momentos:

1. LITURGIA DA LUZ:
Cristo, simbolizado pelo CÍRIO PASCAL, é trazido solenemente a um lugar de destaque na celebração. Do meio das TREVAS surge uma nova luz, que se irradia progressivamente para todos os lados. Diante desse Círio, proclamamos alegres o HINO PASCAL, pela vitória de Cristo sobre as trevas da morte e do pecado. E as VELAS que carregamos nas mãos, nos lembram que unidos a esse Cristo... também nós venceremos...
* Na Bíblia: o tema da Luz é muito rico: Deus é Luz... (1ª obra na Criação...) Jesus se apresenta como a "Luz do Mundo"... e nos convida a ser Luz do Mundo... E nos garante: "Quem me segue não anda nas trevas"

2. LITURGIA DA PALAVRA:
Nos apresenta uma série de leituras bíblicas, que nos narram etapas importantes da História da Salvação, para depois se concentrar no Mistério de Cristo. a) Na CRIAÇÃO: Deus cria o Mundo e o Homem. (Gn 1,1.26-31a) Apesar da resposta negativa do homem, Deus promete um SALVADOR.

b) Na LIBERTAÇÃO: (Ex 14,15-15,1) Deus após ter escolhido ABRAÃO, como Pai de um grande Povo escolhe MOISÉS para conscientizar esse povo de sua missão e iniciar a caminhada da Libertação... A refeição do Cordeiro, o Egito, é símbolo da verdadeira PÁSCOA, quando Cristo oferece o próprio corpo e sangue, como sinal da nova e eterna ALIANÇA... Era o início da Páscoa de Cristo, o novo Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo... Atravessando milagrosamente as águas do Mar Vermelho... tornou-se um Povo livre, a caminho da Terra Prometida.
* Era a Páscoa dos Judeus, relembrada e celebrada todos os anos... Essa água nos lembra a água Batismal: que é geradora de vida nova, nos tornando filhos de Deus, membros do novo Povo de Deus, que também está a caminho da terra do Prometida. * Por isso, o Batismo é a Páscoa do cristão...

c) Os PROFETAS acentuam a eterna misericórdia de Deus, que renova sempre a ALIANÇA, e impelem a viver na FIDELIDADE: "Derramarei sobre vós águas puras, dar-vos-ei um novo coração". (Ez 36,16-17a.18-28)

d) São Paulo dá uma importante Catequese Batismal: (Rm 6.3-11) Todos nós fomos batizados em sua morte... Como Cristo ressuscitou... assim também nós levemos uma vida nova...

e) O Evangelho relata Cristo aparecendo RESSUSCITADO aos seus. (Mt 28,1-10)

3. LITURGIA DO BATISMO: A ÁGUA é símbolo da vida nova recebida no BATISMO,
que na Igreja primitiva se realizava nessa noite e hoje SE RENOVA...

4. LITURGIA EUCARÍSTICA: É o Memorial da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. Cada domingo é Páscoa, em que, relembrando a Páscoa de Cristo, queremos nos reabastecer pela palavra de Deus e pelo pão dos fortes, para continuar nossa marcha para a Terra Prometida.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Paixão do Senhor


A Liturgia da Paixão do Senhor não tem a celebração da Eucaristia, mas apenas a distribuição da comunhão. Além de uma introdução e conclusão silenciosa, a Liturgia tem quatro momentos distintos:

1. A Liturgia da Palavra
Nos apresenta uma síntese da vida e da ação de Jesus:Ele é o Servo que carrega os pecados da humanidade (1ª Leitura). O Rei Universal que dá a vida (Evangelho). O Único Sacerdote e Mediador entre Deus e a humanidade (2ª Leitura.

2. A Oração universal:
exprime a abertura universal da comunidade, consciente de que a Salvação de Cristo é oferecida a todos os homens.

3. Adoração da Cruz:
Jesus celebrou a sua Páscoa, "passando" através de uma morte dolorosa e humilhante, para chegar à Ressurreição gloriosa. Honrando a Cruz, adoramos e agradecemos a Jesus por seu Amor.

O objetivo de João
Não é redigir uma crônica detalhada dos fatos, mas alimentar a fé dos discípulos e iluminá-los sobre o sentido misterioso do que aconteceu. Jesus era a "Luz", mas os homens amaram mais as trevas do que a "Luz", por isso o rejeitaram e condenaram.

Características dessa narrativa:
1. Oposição entre a luz e as trevas.
Jesus aparece decidido, resoluto, ciente de tudo; não fala da agonia, da luta interior.Os maus agem na "escuridão da noite".

2. O velho Anás encaminha o processo de Jesus.
Ele controlava toda a atividade no templo. Personifica quem ama as trevas e não suporta a "Luz", que expulsa os vendilhões do Templo.

3. Diante de Pilatos, algumas cenas significativas:
- Os judeus estão fora; Jesus está dentro; Pilatos no meio... Indicações de tempo: Terminada a noite iniciada com Judas ao sair do cenáculo desperta um novo dia... Ao meio dia: quando o sol brilha com mais intensidade, Pilatos proclama solene a Realeza: "Eis o vosso Rei". Jesus em silêncio, aguarda a escolha de cada um... A Mãe confiada ao Discípulo: Jesus convida essa mulher a acolher como filho todo discípulo que tem a coragem de seguir o Mestre até a Cruz e convida a Comunidade a considerar-se filha do Povo de Israel do qual Cristo nasceu.

4- A Morte de Jesus:
Suave e serena, sem fenômenos... Cai o véu que impedia que o homem visse o rosto de Deus. Agora contemplamos Jesus na cruz, pobre, fraco, que se entrega totalmente ao homem.
- "Tenho sede" : Palavras exclusivas em João. Lembram a água viva prometida à Samaritana. Depois da Morte: O Espírito foi entregue... Explicita a relação entre o "Espírito" e do dom da água viva. Do lado aberto, "manarão rios de água viva".
5. Sepultura: José de Arimatéia: aquele que fora de "noite" ter com Jesus traz perfumes usados para as festas nupciais... Não descreve um sepultamento, mas a preparação do leito sobre o qual está para ser acomodado o esposo.

Concluindo:
Na apresentação da Paixão de Jesus, no passado, se insistiu muito nos detalhes dramáticos do suplício da cruz, nos padecimentos, nos sofrimentos. Os evangelistas e sobretudo João não pretendem comover os cristãos mediante a descrição dos tormentos atrozes infligidos a Jesus, mas procura de todas as maneiras fazer entender a imensidade do seu amor. A Imagem com que conclui a sua narrativa é a da festa das núpcias: a comunidade abraça seu esposo e mostra ter entendido quanto foi amado por ele.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Quinta Feira Santa


A Ceia

A 1ª Leitura fala da Instituição da Páscoa Judaica. (Ex 12,1-8.11-14)
Deus ordena aos hebreus a imolarem um Cordeiro perfeito, a tingirem com seu sangue as portas das casas, para que fossem poupados do extermínio dos primogênitos, e depois, comê-lo às pressas, como quem vai viajar. Preservados pelo sangue do cordeiro e nutridos com a sua carne, deveriam iniciar a marcha para a Terra Prometida.
Na 2ª Leitura, temos uma narrativa da Instituição da Eucaristia:
É o 1º escrito do Novo Testamento, que fala da Eucaristia. (1Cor 11,23-26) Jesus se entrega na Comunhão. Judas entrega o Cristo, na Traição No Evangelho, Jesus mostra com o gesto concreto do "Lava-pés", o espírito que devem ter os convidados à Ceia. (Jo 13,1-15) Jesus nos convida a penetrar com um olhar mais profundo o inefável Mistério que se cumpriu pela primeira vez no Cenáculo... e que hoje se perpetua no Altar...
a) Lembra a Instituição da Eucaristia e Vigília da morte do Senhor.
- "Tendo amado os seus, amou-os até o fim, até a morte..." (S. João)
- "Na noite em que ia ser entregue..." (S. Paulo) Tremendo contraste:
- da parte de Cristo: amor infinito, amou-os até o fim...
- da parte dos homens: traição, negação, abandono...
A Eucaristia é a resposta do Senhor à traição de suas criaturas. A morte o arrebatará desse mundo, dentro de poucas horas, ele perpetuará aqui a sua presença real e viva...
b) Dia do Sacerdócio:
Para perpetuar essa Eucaristia através dos tempos...
através dos lugares: cria o SACERDOTE: "Fazei isto em MEMÓRIA de mim.."
Uma pessoa humana...(com suas limitações...) mas com uma missão divina... a serviço do Povo de Deus: Guiar (Pastor), Evangelizar (Profeta), Santificar (Sacerdote)...
Oferecer água para lavar os pés era sinal de hospitalidade e acolhida.
Na ação de Jesus, revela-se o rosto solidário e amoroso do Pai. O Lava-pés é um gesto profético, que antecipa o sentido da cruz: a entrega de Jesus por amor até o fim.
Todos somos convidados a participar desse gesto... Senhor do lava-pés, tome novamente o jarro de água e a bacia. Repita aquilo que fizeste, há 20 séculos; sai de tua mesa e vem lavar os nossos pés...


Deixar-se lavar por Jesus significa comungar com seu projeto de amor, que o levou a entregar a sua vida pela nossa salvação. Vem, Senhor, lavar os nossos pés para que possamos nos sentar para sempre em tua mesa, no eterno convívio da alegria e do amor.
A operação lava-pés deve iniciar também em nossa Vida. Com gestos concretos a serviço dos irmãos.

sábado, 16 de abril de 2011

Hosana ao Filho de Davi


Celebramos hoje o DOMINGO DE RAMOS.

A liturgia apresenta dois momentos bem distintos:
- A ENTRADA DE JESUS EM JERUSALÉM,
com a procissão de Ramos... num clima de alegria...
como GESTO de FÉ e de COMPROMISSO.
- O INÍCIO DA SEMANA SANTA, com a Leitura da Paixão do Senhor,
na missa, relembrando o caminho do sofrimento e da Cruz.
= Dois momentos distintos da vida de Jesus: Triunfo e Humilhação.
Jesus se apresenta em Jerusalém propondo a paz e recebe a violência...

As Leituras nos ajudam a viver o clima dos mistérios que celebramos:
A 1ª leitura apresenta um Profeta anônimo, chamado por Deus,
a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação.
Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e
concretizou, com teimosa fidelidade, os projetos de Deus. (Is 50,4-7)
* Os primeiros cristãos viram neste "servo sofredor" a figura de Jesus.
Ele é a Palavra de Deus feita carne, que oferece a sua vida
para trazer a salvação aos homens.
A 2ª Leitura é um lindo Hino Cristológico. (Fl 2,6-11)
Cristo é o princípio e o fim de todas as coisas, exemplo de toda criatura.
Enquanto a desobediência de Adão trouxe fracasso e morte,
a obediência de Cristo ao Pai trouxe exaltação e vida.
Ele se despojou de sua condição divina, assumiu com humildade
a condição humana, para servir, para dar a vida,
para revelar totalmente aos homens o ser e o amor do Pai.
Esse caminho não levará ao fracasso, mas à glória, à vida plena.
E é esse mesmo caminho de vida, que a Palavra de Deus nos propõe.
O Evangelho convida a contemplar a PAIXÃO e MORTE de Jesus,
segundo São Mateus. (Mt 26,14-27,66)
O texto nos introduz no clima espiritual da Semana Santa.
Não é apenas o relato dos fatos acontecidos com Jesus,
mas o anúncio de um mundo novo de justiça, de paz e de amor:
- Jesus passou pelos caminhos da Palestina "fazendo o bem" e anunciando
um mundo novo de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos.
- Ensinou que Deus era amor e que não excluía ninguém, nem os pecadores.
- Ensinou que os leprosos, os paralíticos, os cegos,
não deviam ser marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus.
- Ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de Deus e
aqueles que tinham um coração mais disponível para acolher o "Reino";
- E avisou os "ricos" (os poderosos, os instalados), de que o egoísmo,
o orgulho, a auto-suficiência, o fechamento só podiam conduzir à morte.

Esse projeto libertador de Jesus entrou em choque
com a atmosfera de egoísmo e de opressão que dominava o mundo.
- As autoridades políticas e religiosas sentiram-se incomodadas
com a denúncia de Jesus:
não estavam dispostas a renunciar aos mecanismos
que lhes asseguravam poder, influência, domínio, privilégios.
- Não estavam dispostas a arriscar, a desinstalar-se e
a aceitar a conversão proposta por Jesus.
- Por isso, prenderam e condenaram Jesus, pregando-o numa cruz.
A morte de Jesus é a conseqüência do anúncio do "Reino",
que provocou tensões e resistências entre os que dominavam o povo.
A morte de Jesus é o ponto mais alto de sua vida;
é a afirmação mais radical de tudo aquilo que pregou: o dom total.

Aprofundemos alguns dados que são exclusivos
da PAIXÃO SEGUNDO SÃO MATEUS:

- Mateus relaciona os fatos da Paixão como Cumprimento das Escrituras:
Mateus escreve para cristãos, provenientes do judaísmo...
por isso, quer demonstrar que Jesus é o Messias anunciado pelos profetas.
- No Getsêmani, Jesus condena a violência contra o servo do sacerdote...
O caminho do Pai passa pelo amor e pelo dom da vida.
Por isso, os discípulos não podem recorrer à violência.
- Só no Evangelho segundo Mateus aparece o relato da Morte de Judas.
O episódio deixa clara a falsidade do processo e a inocência de Jesus.
Mateus sublinha o desespero e o arrependimento de Judas, e
deixa clara a inocência de Jesus.
- Só Mateus fala do sonho da mulher de Pilatos e da lavagem das mãos.
Quer deixar claro que os pagãos reconhecem a inocência de Jesus e
o próprio povo o rejeita.
- Só Mateus descreve os fatos que acompanharam a morte de Jesus:
"O véu do Templo rasgou-se em duas partes... a terra tremeu e as rochas fenderam-se. Abriram-se os túmulos e muitos dos corpos, que tinham morrido saíram do sepulcro, entraram na cidade e apareceram a muitos".
Para Mateus, são sinais de que Deus está ali como o salvador e libertador
do seu Povo, apesar do aparente fracasso de Jesus,

- Finalmente, só Mateus narra o episódio da "guarda" do sepulcro.
Para os cristãos, o sepulcro vazio era a evidência de que Jesus tinha ressuscitado.
Os Ramos verdes, que hoje carregamos, recordam
a saudação de acolhida do Povo a Jesus, ao entrar em Jerusalém.
Nós também queremos saudar a vida que ele trouxe e
a misericórdia que encontramos em seu bondoso coração.

Uma boa Semana Santa a todos!

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Vida nova


A liturgia desse domingo continua
a Catequese Batismal da Quaresma.
Depois de apresentar:
- Cristo, ÁGUA para a nossa sede (Samaritana);
- Cristo, LUZ para as nossas trevas (Cura do cego);
Hoje nos fala de: - Cristo, Ressurreição para a VIDA (Lázaro).

A Liturgia responde à pergunta: "Como chegar a ser cristão?"
Começamos com a recepção do dom de Deus, na água viva da graça,
com uma iluminação e com uma ressurreição à vida verdadeira.

Na 1a leitura, Ezequiel anuncia VIDA NOVA. (Ez 37,12-14)

O Povo, exilado na Babilônia, desesperado e sem futuro,
vivia uma situação de Morte.
O profeta Ezequiel procurou alimentar a esperança dos exilados e
transmitir a certeza de que Deus não os abandonou.
O texto apresenta a famosa visão dos ossos ressequidos,
que saem dos "túmulos".
O Espírito do Senhor sopra sobre eles e eles ganham vida.
Deus vai transformar a morte em vida, o desespero em esperança,
a escravidão em libertação.
É Deus prometendo ao povo o regresso à sua terra,
restaurando a esperança dos exilados num futuro de felicidade e de Paz.
* O Espírito de Deus nos faz sair dos "túmulos" da desesperança, do medo.
Deus é o Deus da vida em plenitude.
Na 2ª Leitura, Paulo lembra que o Espírito de Deus ressuscitou Cristo
e o introduziu na glória do Pai.
No Batismo, nós recebemos o mesmo Espírito, que dá vida. (Rm 8,8-11)

No Evangelho, Jesus se apresenta como o SENHOR DA VIDA. (Jo 11,1-45)

- O Fato: Mandam dizer: "Lázaro está doente..."
- Jesus: aparentemente não se preocupa... Os apóstolos até estranham...
- Jesus tranqüiliza: "Essa doença é para a glória de Deus...
Ele está dormindo" e fica com eles mais dois dias...
- No Encontro com Marta, Jesus se comove e chora...
Não é choro ruidoso, desesperado... mas de afeto e solidariedade...
O povo até comenta: "Vede como ele o amava".

- O Diálogo: - Jesus afirma: "Eu sou a ressurreição e a Vida.
Aquele que crer, ainda que estiver morto viverá... "Você crê nisso?"
- Marta professa sua fé: "Sim, eu creio", que tu és o Cristo..."
- No Sepulcro... "Tirai a pedra..."
(que separa o mundo dos vivos do mundo dos mortos...)
- A Oração: "Pai, eu te dou graças, porque me ouvistes..."
- A Ordem: "Lázaro, vem para fora...
Desatai-o... e deixai-o andar".
E Lázaro recupera a Vida.

Duas formas de SOLIDARIEDADE diante da Morte:
- Os amigos e vizinhos vão à casa de Marta e Maria, para dar os pêsames
e fazer lamentações em altos brados: Símbolo do desespero.
- Jesus nem entra na casa, nesse ambiente dominado pelo desespero.
Ele fica fora e chama para fora...
Os dois choram... mas muito diferente...

+ A Família de Betânia representa a Comunidade cristã,
formada por irmãos e irmãs, não tem pais...
Todos conhecem Jesus, são amigos de Jesus
e acolhem Jesus na sua casa e na sua vida.
Essa família faz a experiência da morte.
Mas os amigos de Jesus sabem que Ele é a Ressurreição e a Vida,
e que dá a vida plena aos seus.
A morte é apenas a passagem para a vida plena.

+ Ressurreição de Lázaro é um SINAL: (7º e último antes da Paixão)
- A Ressurreição de Lázaro é uma prefiguração da Ressurreição de Cristo.
O Batismo é um morrer e ressuscitar com Cristo.
- O "Sinal" de Betânia é também um convite a crer na Vida
e a lutar por ela em todas as expressões.
- O discípulo de Jesus, renascido à Vida no Batismo,
carrega em si o germe da verdadeira Vida.

+ O Prefácio resume o sentido do fato:
"Verdadeiro homem, Jesus chorou o amigo Lázaro;
Deus e Senhor da Vida, o tirou do túmulo;
hoje estende a toda a humanidade a sua misericórdia e
com os seus sacramentos nos faz passar da morte à Vida"
A liturgia da Palavra nesta Quaresma é uma retomada
de nossa "iniciação batismal", que certamente precisa ser aprofundada:
Um ENCONTRO com Cristo,
um DIÁLOGO
e uma PROFISSÃO DE FÉ, a exemplo da Samaritana, do Cego e de Marta.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Filhos da Luz


A Liturgia de hoje continua
a CATEQUESE BATISMAL da Quaresma.
- Vimos o símbolo da ÁGUA, com o episódio da Samaritana.
- Hoje prossegue o tema da LUZ, com a cura do cego.
- E veremos o tema da VIDA, com a ressurreição de Lázaro...

As Leituras nos lembram a Luz da fé recebida no Batismo
com a vela acesa na mão, e também nos exortam a "viver na Luz".

Na 1ª leitura Davi é UNGIDO para rei de Israel. (1Sm 16,1b.6-7.10-13a)

* A Unção de Davi, eleito pessoalmente por Deus,
é figura profética da Unção Batismal dos cristãos.

Na 2ª Leitura, Paulo salienta a necessidade de viver
como filhos da "Luz", renunciando as obras das trevas e
produzindo frutos de bondade, justiça e verdade (Ef 5,8-14)

No Evangelho, Jesus UNGE um cego com "Barro",
revelando-se como a "Luz do Mundo",
que veio libertar os homens das trevas. (Jo 9,1-41)

São João costuma tomar um fato da vida de Jesus como ponto de partida
para desenvolver um tema básico da mensagem cristã.
A cura do cego descreve o processo de fé de um homem,
que vai passando das trevas da cegueira, para a luz da visão,
e desta para a Luz da fé em Cristo.
O "Cego" é símbolo de todos os homens que renascem pela fé,
acolhendo a Jesus (no Batismo) e deixando-se conduzir pela sua palavra.

Tudo começa com uma PERGUNTA dos discípulos a Jesus:
- "Por que esse homem nasceu cego?"
Seria castigo de Deus? Quem pecou?
- Jesus RESPONDE: "Nem ele, nem seus Pais pecaram..."
E continua a sua resposta, passando das palavras aos atos.

Na CURA, para dar a "Luz" ao cego, Jesus usa um método estranho:
Com saliva faz "barro" na terra, unge com esse barro os olhos do cego
e manda lavar-se na piscina de Siloé.
A cura não é imediata: requer a cooperação do enfermo.
- A disponibilidade do cego sublinha a sua adesão à proposta de Jesus.
- O banho na piscina do "enviado" é uma alusão à "Água de Jesus".
- Lembra também a água do BATISMO para quem quiser sair das trevas
para viver na luz, como Filhos de Deus...

Depois, o Evangelho coloca em cena vários PERSONAGENS:

- Os VIZINHOS percebem o dom da vida que vem de Jesus,
mas não dão o passo definitivo para ter acesso à Luz.
Representam os que percebem a proposta libertadora de Jesus,
mas não estão dispostos a sair da sua vidinha, para ir ao encontro da "Luz".

- Os FARISEUS conhecem a "luz", mas se recusam em aceitá-la.
Acusam-no de transgredir a lei do sábado e expulsam o cego da sinagoga.
Representam aqueles que conhecem a novidade de Jesus,
mas não estão dispostos a acolhê-lo e até hostilizam os seus seguidores.

- Os PAIS constatam o fato, mas evitam comprometer-se...
É a atitude de MEDO dos que não tem coragem de passar das trevas para a Luz.
Preferem a segurança da ordem estabelecida, do que correr riscos...

- O CEGO é questionado pelas AUTORIDADES sobre a origem de Jesus.
E ele, como "pessoa iluminada", mostra-se: Livre (diz o que pensa...);
corajoso (não se intimida); sincero (não renuncia à verdade);
suporta a violência (é expulso da sinagoga).

- JESUS reaparece no fim: vai ao seu encontro, inicia um DIÁLOGO,
que culmina com um belo ato de fé do cego: "Eu creio, Senhor".

A Transformação do cego é progressiva:
- Antes de se encontrar com Jesus, é um homem prisioneiro das "trevas",
dependente e limitado. "Não sabe quem o curou"...
- Depois, a "luz" vai brilhando aos poucos na sua vida.
Forçado pelos dirigentes a renegar a "luz" e a liberdade recebida,
recusa-se a regressar à escravidão...
- Finalmente, encontrando-se com Jesus,
que lhe pergunta: "Acreditas no Filho do Homem",
manifesta sua adesão total: "Creio, Senhor". Prostra-se e o adora.

* O Caminho de fé do cego é um itinerário para todo cristão:
O Encontro com Jesus ... a Adesão à "Luz" e
um progressivo amadurecimento no Conhecimento de Cristo.
Esse caminho desemboca na adesão total a Jesus,
ao ser lavado pelas águas batismais.

O Prefácio sintetiza:
"Jesus conduziu à Luz da fé a humanidade que caminhava nas trevas.
E elevou à dignidade de filhos os escravos do pecado,
fazendo-os renascer das águas do Batismo".

Nesta Quaresma, somos convidados a viver a experiência catecumenal,
renovando o nosso Batismo, mediante o Sacramento da Penitência.
Quanto mais buscamos Jesus como "Luz", mais nossa vida terá sentido.
Com Jesus, a Luz da Vida jamais perderá o seu brilho.

Como o cego, renovemos a nossa fé, cantando:

Deixa a luz do céu entrar! (ou Creio, Senhor...)