quinta-feira, 21 de abril de 2011

A Paixão do Senhor


A Liturgia da Paixão do Senhor não tem a celebração da Eucaristia, mas apenas a distribuição da comunhão. Além de uma introdução e conclusão silenciosa, a Liturgia tem quatro momentos distintos:

1. A Liturgia da Palavra
Nos apresenta uma síntese da vida e da ação de Jesus:Ele é o Servo que carrega os pecados da humanidade (1ª Leitura). O Rei Universal que dá a vida (Evangelho). O Único Sacerdote e Mediador entre Deus e a humanidade (2ª Leitura.

2. A Oração universal:
exprime a abertura universal da comunidade, consciente de que a Salvação de Cristo é oferecida a todos os homens.

3. Adoração da Cruz:
Jesus celebrou a sua Páscoa, "passando" através de uma morte dolorosa e humilhante, para chegar à Ressurreição gloriosa. Honrando a Cruz, adoramos e agradecemos a Jesus por seu Amor.

O objetivo de João
Não é redigir uma crônica detalhada dos fatos, mas alimentar a fé dos discípulos e iluminá-los sobre o sentido misterioso do que aconteceu. Jesus era a "Luz", mas os homens amaram mais as trevas do que a "Luz", por isso o rejeitaram e condenaram.

Características dessa narrativa:
1. Oposição entre a luz e as trevas.
Jesus aparece decidido, resoluto, ciente de tudo; não fala da agonia, da luta interior.Os maus agem na "escuridão da noite".

2. O velho Anás encaminha o processo de Jesus.
Ele controlava toda a atividade no templo. Personifica quem ama as trevas e não suporta a "Luz", que expulsa os vendilhões do Templo.

3. Diante de Pilatos, algumas cenas significativas:
- Os judeus estão fora; Jesus está dentro; Pilatos no meio... Indicações de tempo: Terminada a noite iniciada com Judas ao sair do cenáculo desperta um novo dia... Ao meio dia: quando o sol brilha com mais intensidade, Pilatos proclama solene a Realeza: "Eis o vosso Rei". Jesus em silêncio, aguarda a escolha de cada um... A Mãe confiada ao Discípulo: Jesus convida essa mulher a acolher como filho todo discípulo que tem a coragem de seguir o Mestre até a Cruz e convida a Comunidade a considerar-se filha do Povo de Israel do qual Cristo nasceu.

4- A Morte de Jesus:
Suave e serena, sem fenômenos... Cai o véu que impedia que o homem visse o rosto de Deus. Agora contemplamos Jesus na cruz, pobre, fraco, que se entrega totalmente ao homem.
- "Tenho sede" : Palavras exclusivas em João. Lembram a água viva prometida à Samaritana. Depois da Morte: O Espírito foi entregue... Explicita a relação entre o "Espírito" e do dom da água viva. Do lado aberto, "manarão rios de água viva".
5. Sepultura: José de Arimatéia: aquele que fora de "noite" ter com Jesus traz perfumes usados para as festas nupciais... Não descreve um sepultamento, mas a preparação do leito sobre o qual está para ser acomodado o esposo.

Concluindo:
Na apresentação da Paixão de Jesus, no passado, se insistiu muito nos detalhes dramáticos do suplício da cruz, nos padecimentos, nos sofrimentos. Os evangelistas e sobretudo João não pretendem comover os cristãos mediante a descrição dos tormentos atrozes infligidos a Jesus, mas procura de todas as maneiras fazer entender a imensidade do seu amor. A Imagem com que conclui a sua narrativa é a da festa das núpcias: a comunidade abraça seu esposo e mostra ter entendido quanto foi amado por ele.

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