quinta-feira, 3 de março de 2011

O Sentido da Vida


A vida humana se caracteriza por perguntas e respostas relacionadas ao conhecimento, ao prazer, ao sentido da vida. Quem já não se perguntou: para que nasci? Para que estou gastando a minha vida? Por que sinto necessidade de amar e de ser amado? Por que as pessoas têm fé? Por que e para que existe Deus? Por que sinto este sentimento tão forte de justiça? O que vai acontecer comigo após a morte?

Uma condição fundamental é que a vida só se tornou possível no interior de comunidades. O organismo humano atua numa ampla escala de atividades, dentro de uma ordem cultural, socialmente determinada. Nossas atividades são impulsionadas por múltiplas necessidades, desde orgânicas até psíquicas. O ser humano, é um ser de relações, é agente transformador e não se submete às forças da natureza, mas é capaz de ampliar os limites que ela lhe impõe. Fabricamos artefatos, mas também criamos significados: através do conhecimento, indivíduo e comunidade se modificam em níveis cada vez mais complexos.

É neste intercâmbio de buscas e satisfações que o ser humano vai construindo sua história pessoal, que vai dando sentido a vida e a partir das experiências torna-se único. Segundo Rubem Alves, 'dizer que a vida faz sentido, que vale a pena viver e morrer, é crer que aqueles valores, objetos do nosso amor e desejo, são poderosos para viver e sobreviver, ainda que no presente , eles sejam esmagados pela brutalidade: depois da cruz, a ressurreição, depois do incêndio que esturrica os pastos, o renascer milagroso do verde sob a chuva.'

Camus observa, que para algumas pessoas que se deixam matar por idéias ou ilusões que lhe dão boas razões para viver são também boas razões para morrer. Morrer por aquelas coisas que dão à vida o seu sentido. Para Wolfgang Gruen a religiosidade suscita no ser humano uma atitude dinâmica de busca e realização do sentido radical de sua existência.

No desafio de construirmos um sentido humano para a nossa vida, nos defrontamos com um fato inescapável: o fim da nossa vida é a morte. Instaurando-se, assim em definitivo, o sentimento da provisoriedade. A morte nos ronda mesmo que queiramos viver como se ela não existisse. Passar pela experiência da morte de pessoas com quem convivemos, ou perigos de morte que enfrentamos na vida cotidiana põem em xeque o sentido de vida. Precisamos então explicar a morte, não pela morte em si, mas sim para explicar e dar sentido a vida.

Essa busca de sentido, de significado faz parte de uma perene tentativa de a humanidade manter contato com o Transcendente e se materializa em diferentes concepções religiosas, que declaram que vale a pena viver. É importante ressaltar que toda religião tem um corpo doutrinário (verdades), culto organizado (práticas religiosas, ritos e símbolos), código ético e moral (leis e normas) e autoridades para o governo (hierarquia, Transcendente). Tudo isto vem expresso em elementos culturais, que são repassados através da linguagem simbólica, direcionando, muitas vezes, o comportamento das pessoas. Essa expressão e estruturação religiosa fazem-se a partir e dentro de uma cultura.

Todos os povos e culturas que já existiram na Terra tiveram e têm manifestações religiosas, isto é, atitudes e ações que se referem à existência do Transcendente, ao lado das tentativas de responder as questões primordiais. Na busca de uma resposta que o transcenda, que vá além de seus próprios limites, o ser humano recoloca essas questões, tentando reorganizar, reorientar o próprio pensamento sobre a vida humana e sua finalidade.

Fonte: filhosonline

Um comentário:

  1. O problema da existência é este vasto dilema. Viver não é essa coisa insípida, disciplinada, que chamamos “nossa existência”. O viver é transbordante de riqueza, é eterna transformação e, enquanto não compreendermos esse movimento eterno, nossa vida será, de certo, muito pouco significativa.A vida é, e tem de ser, uma série de desafios e “respostas”. O desafio não acompanha nossos gostos e aversões, nem nossos desejos especiais, assumindo formas diferentes. E, se temos a capacidade de responder ao desafio de maneira adequada, completa, direta, desaparece, então, o problema. Mas, o desafio da vida não é feito em nenhum nível determinado da existência. A vida não está num único nível, quer o econômico, quer o espiritual. A vida, é um estado de relação, em níveis diferentes. Ela está sempre fluindo, a expressar-se de maneiras diferentes e feliz é o homem que tem a capacidade de enfrentar a vida de maneira completa, em níveis diferentes e em todas as ocasiões.Podemos ver que, num nível, buscamos conforto, bem-estar físico,noutro nível, um pouquinho mais profundo, queremos felicidade, liberdade, ter a capacidade de fazer coisas espetaculares, grandiosas, magnificentes.E, se vemos um pouco mais profundamente, desejamos descobrir o que está além da morte, e o que é o amor, trabalhar por um ideal, pelo estado perfeito. E, mais profundamente ainda, aspiramos a descobrir o que é a Realidade, o que é Deus, o que é essa coisa tão fecunda e sempre nova. Andamos à deriva, impelidos pelas circunstâncias, até chegar a morte. Assim, pois, nunca nos acalmamos um pouco para fazer um exame de nós mesmos e procurar discernir o que estamos buscando.Não há nada vital, nada novo, nada criador em nós.Vivemos, mas não sabemos por quê. Para muitos de nós, a vida parece não ter significação. Pode dizer-nos qual é o significado e a finalidade do nosso viver?
    Que entendemos por “vida”? O viver não é, em si, a sua própria finalidade, a sua própria significação? Desejamos algo mais, algo superior àquilo que costumamos fazer.
    Positivamente,o homem que está vivendo com plenitude, que vê as coisas como são, está satisfeito com o que tem, não está confuso.Está lúcido e, por conseguinte, não pergunta qual é a finalidade da vida. Para ele, o próprio viver é o começo e o fim. Nossa dificuldade, pois, é que, sendo nossa vida vazia como é, queremos encontrar uma finalidade para a vida, e lutamos por alcançá-la. Em primeiro lugar, quando discutimos um assunto dessa natureza, devemos por certo fazê-lo com muito empenho. A vida, por certo, implica ação diária, pensamento, sentimento diário. Implica as lutas, as dores, as ânsias, os enganos, as tribulações. Por “vida” entendemos não uma só esfera ou camada da consciência, mas o processo total da existência, que é a nossa relação com as coisas, com as pessoas, com as idéias. Cumpre-nos averiguar muito claramente o que entendemos por finalidade, se há finalidade. Podemos dizer que há uma finalidade: alcançar a realidade... Deus.
    Afinal, para descobrir a verdade, ou Deus, preciso primeiro compreender a minha existência, a vida em torno de mim e em mim, pois, de outro modo, a busca da realidade se transforma em mera fuga da ação de cada dia. Entretanto, é unicamente através da dúvida, que buscamos. A vida é um processo de busca, não para um fim particular, mas para libertar a energia criadora, a inteligência criadora.É um processo de movimento eterno, desimpedido de crenças, grupos de idéias, dogmas, conhecimento. O viver realmente exige abundância de amor, de sensibilidade ao silêncio, grande simplicidade. Requer uma mente capaz de pensar com toda clareza, não tolhida pelo preconceito ou pela superstição, pela esperança ou pelo medo.
    Alcançar a Verdade é desdobrar a vida, é dar-lhe a mais ampla possibilidade de expressão. Para mim, a única meta, o único mundo que é eterno, absoluto, é o mundo da verdade.
    E a única verdade é Deus.
    Buscando a ele aceitamos o restante com serenidade.

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